1.6.08

Rei de Paus

Já não te conheço.
Não sei quem és

Não te vejo o rosto
O som da tua voz é vago
O carinho das tuas palavras
desaparecem como bolas de sabão.


De dia és frio, à noite, quente.

De dia não te conheço.

És outro, o teu outro.


Nunca mais me dês os bons dias.
Não tos vou retribuir

De dia magoas-me, feres-me

Odeias-me, detestas-me.

De dia és real, à noite, fantasia

De dia não te conheço.

És cortante, racional.


Mas mesmo assim
Quero ver-te, falar-te, olhar-te

És enigma, puzzle e incompreensão.

Fantasia, excentricidade, extravagância.

Só à noite, sempre à noite...


PB, in Caderno Selado, 01/06/08

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